"O Amor Acaba".
-Crônicas Líricas e Existenciais-
O amor acaba.Numa esquina,por exemplo,num domingo de lua nova,depois de teatro e silêncio;acaba em cafés engordurados,diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar;de repente,ao meio do cogarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto,polvilhando de cinzas o escarlate das unhas;... na barca,no trem,no ônibus,ida e volta de nada para nada;em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba;no inferno o amor não começa;na usura o amor se dissolve;... na descontrolada fantasia da libido;
... na janela que se abre,na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa,que continua reverberando sem razão até que alguém,humilde,o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido;mas pode acabar com doçura e esperança;uma palavra,muda ou articulada,e acaba o amor;... em todos os lugares o amor acaba;a qualquer hora o amor acaba;por qualquer motivo o amor acaba;para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
[Paulo Mendes Campos]
Para lembrar disso hoje,para lembrar a seguir.Porque o que a gente leva é o amor que pôde,o amor que veio e a gente tomou nos braços,o amor que virou outra coisa,que fez outras gentes,que se eternizou, ainda que um dia acabe aqui e recomece em todos os lugares.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Achei,Amei e também me lancei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário