sexta-feira, 27 de abril de 2007

Carlos Drummont de Andrade

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas,amar?
amar e esquecer,amar e malamar,
amar,desamar,amar?
sempre, e até de olhos vidrados,amar?
Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe imigrantes?
trouxe uma grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes,tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
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Você meu mundo meu relógio de não marcar horas, de esquecê-las. Você meu andar meu ar meu comer meu descomer.MInha paz de espadas acesas. MEu sono festival meu acordar entre girândolas.Meu banho quente morno frio quente pelando.MInha pele total. Minhas unhas afiadas aceradas aciduladas.Meu sabor de veneno. Minhas cartas marcadas que se desmarcam e voam. Meu suplício. Minha mansa onça pintada pulando.Minha saliva minha língua passeadeira possessiva meu esfregar de barriga em barriga. Meu perder-se entre pelos algas águas ardências. Meu pênis submerso.Túnel cova cova cova cada vez mais funda estreita mais mais. Meus gemidos gritos uivos iguais guinchos miados ofegos ah oh ai ui nhem ahah minha evaporação meu suicídio gozozo glorioso.

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