quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Um conto de Natal cor-de-rosa

Não sou princesa,mas súdita do castelo.Trabalho na cozinha cortando batatas.Um monte delas! Quando termino o serviço,vou até a floresta.Certo dia, caiu uma tempestade terrível e não pude retornar.Adormeci sobre uma árvore frondosa.Estava com muito medo.Quem conhece os verdadeiros perigos das matas? De repente,escutei um delicado barulho.Abri com cuidado os olhos e não acreditei no que via.Um cavalo cor-de-rosa,lindo!Com um olho azul e outro verde.Os cílios eram negros e longos.A crina prateada ia até o chão.Soltava leve fumaça branca e rosa pelas narinas,clareando o nosso redor.Levantei-me com certo receio.Ele se abaixou para que sentasse em seu lombo.Alguma coisa em meu coração dizia: vá com ele!. Galopamos até chegar a um reino todo rosa.Das chaminés das casas saiam fumaça rosa.As pedras do chão das ruas estreitas também eram de cor rosa.Paramos em frente a uma casa branca,a única do tal reino.Tinha janelas e porta de cristal e delas saiam estrelas. O cavalo se abaixou para que eu descesse.Um velhinho de barba branca apareceu.Tinha o sorriso gostoso,bochechas cor-de-rosa.Pediu que entrasse.Parecia Papai Noel.Época de Natal.Quem sabe era ele? Levou-me até a imensa árvore de Natal-toda-cor-de-rosa-e disse: - Escolha um desses presentes para você. Eram muitos e lindos,mas peguei uma luva rosa.Ele beijou com carinho minhas mãos todas cortadinhas,de tanto descascar batatas na cozinha do castelo.Levou-me até a saída e assobiou para o cavalo.Partimos. Cheguei em casa e olhei os olhos do animal-um verde e outro azul,que me olhavam com ternura. Fiz carinho em sua crina e ele partiu.Nessa noite,bateu em nossa porta um empregado do rei.Veio convidar os plebeus para a festa de Natal do castelo.Fiquei em dúvida se ia,porque tinha vergonha de minhas mãos.Foi quando me lembrei das luvas cor-de-rosa.Poderia escondê-las usando-as. Quando cheguei à festa,avistei o menino que amava desde pequena.Era filho do cavalheiro do rei.Imagine eu,pobre e com as mãos machucadas das facas da cozinha.Nem olharia para mim. De repente, percebi um chamado: - Vamos dançar? Dançamos.Fomos até a varanda do castelo.Lá,ele pediu que tirasse as luvas.Tive medo que deixasse de gostar de mim quando visse que não tinha mãos bonitas.Mas quando percebi,já as tinha tirado.Olhou-me dizendo: - Você tem as mãos mais lindas que já vi.Como as de princesa. Meu espanto era enorme.Elas estavam lisinhas,sem os machucados.Rosadas. Escutei um forte relincho,era o cavalo rosa. Olhava para nós,mas virou-se e partiu.Mais tarde soube que quando era potro,tinha vergonha por ser rosa e porque seus olhos tinham duas cores. Seu dono o expulsou do estábulo,com medo de ele assustar os marrons,pretos,brancos e malhados.Refugiou-se na floresta e o bom velhinho e adotou.Começou a ajudar as pessoas que tinham vergonha de si mesmas.Mostrar que quando se deseja fortemente algo pode-se transformar o mundo. Naquela noite,em vez de pegar um presente caro,escolhi as luvas cor-de-rosa.Queria esconder minhas mãos.Mas ao mesmo tempo tive coragem de superar minha vergonha.Não deixar que o que me entristecia tomasse conta de mim. Que um cavalo cor-de-rosa possa aparecer em sua vida.Mostrar o caminho da liberdade de seus medos.Quem sabe,no Natal,você escolha óculos que a deixem ver a vida mais amena?Ou sapatos que mostrem o caminho das nuvens? Mas dê sempre a preferência pelo tom rosa.Isso irá melhorar o seu estado de espírito e refazer sua alma. [Texto tirado do blog" Bolsa de Mulher"-por Beth Valentim]

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